“Estar aqui é de uma grande emoção, pois faz lembrar onde a gente viveu. Esse momento cultiva a raiz brasileira. Conheci a minha esposa na colheita de café, faz parta da minha história”, contou Wilson Francisco, de 60 anos, natural de Astorga, no Paraná, ao visitar a colheita do café, realizada sábado (27) no maior cafezal urbano do mundo, o qual fica no Instituto Biológico.
O evento, que recebeu o nome de Sabor do Café, uniu uma multidão animada, está em sua 16ª edição e acontece em parceria com a Nestle, buscando que a população vivencie a experiência de colher os grãos maduros do cafezal.
“Esse evento para nós é muito importante pela conexão que nós – Nestle – temos com os consumidores, fizemos essa parceria com o Instituto Biológico por conta da nossa jornada de cafés e o local é muito especial, pois é também um local, onde podemos nos conectar com a sociedade. Tem o maior cafezal urbano do mundo, disse à reportagem do Ipiranga News, Gustavo Bastos, vice-presidente jurídico e assuntos pessoais da Nestle.
“O Instituto trouxe a fazenda para a cidade e ao fazer isso, permite que crianças as quais muitas vezes passam o maior tempo nos condomínios, dentro de shoppings, tenham contato com a natureza, com esse produto tão maravilhoso que é o café, pelo qual temos tanto orgulho de sermos um dos maiores compradores e produtores do mundo”, expressou ainda Bastos.
A presença massiva de crianças na colheita, também foi apontada e celebrada pelo secretário executivo de agricultura e abastecimento, Marcos Renato Böttcher. Para ele, estar presente no encontro foi algo “sensacional”.
“Estou com a alma lavada. Bem leve. Foi sensacional minha vinda aqui. Eu pude ver de perto a emoção das pessoas. Eu pude ver de perto a emoção, também, das pessoas, das crianças, dos pais por trazê-los para mostrar um pedacinho do que é o agro, e com isso tudo já dá para imaginar, criar (despertar) essa curiosidade nas crianças, nos jovens, para pesquisar e saber mais o que é o nosso agronegócio”, afirmou o secretário ao Ipiranga News.
Durante o evento, os participantes puderam degustar variados tipos de café diferentes, além de apreciar a boa música sertaneja, cantada e tocada ao vivo durante a colheita do café.
Maria de Souza Melo Francisco, 59 anos é esposa do Wilson já mencionado na matéria. Segundo a senhora, estar presente na colheita foi “muito gostoso. Fiquei feliz de vir e estar aqui. É muito gostoso de lembrar do passado. Da roça”.
Wilson e Maria foram convidados a conhecer o cafezal do Biológico e participar da colheita pelo filho Jonas de Souza Francisco, de 37 anos, o qual assim que ficou sabendo do evento, correu para avisar os pais.
“Apesar de ter nascido no interior, nunca tive essa vivência de colheita, cafezal, que os meus pais tiveram e eu cresci ouvindo as histórias, principalmente, que eles se conheceram no cafezal, e eu sempre achei muito bonito. Legal, e todas as vezes que a gente viajava para o interior, na casa de parentes, eu sempre andava pelo meio dos cafezais, então tenho muitas lembranças quanto a isso e o café sempre esteve no meio da história”, pontuou Jonas.
“Eu pelo fato de nunca ter tido essa vivência da colheita no Instituto Biológico, é uma oportunidade de viver o que eles viveram no passado.
Em média, cerca de 1 tonelada de grãos é colhida no cafezal do Biológico, resultando, após seu beneficiamento, em aproximadamente 500 kg, os quais são doados ao Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo. Essa produção varia em função da bianualidade da cultura, pois o café apresenta maior produtividade em um ano e, no ano seguinte, decai a safra.
“O café dispensa apresentação. Mas, estamos aqui hoje no Biológico, para o evento Sabor da Colheita, que foi criado através da Câmara Setorial de Café. A importância do café é notória. Ele é o segundo produto mais comercializado no mundo depois do petróleo. Foi um grande criador de divisas e foi ele quem desenvolveu o Estado de São Paulo e consequentemente o Brasil, graças a Deus. Então essa reverência hoje, esse ato simbólico da colheita aqui no Biológico, o único cafezal urbano do mundo, não é pouca coisa”, contou Henrique Antonio Leite Gallucci, grande cafeicultor de Espírito Santo do Pinhal e um dos fundadores da Câmara Setorial.
Durante a colheita, Gallucci entregou ao secretário Marcos uma imagem da Nossa Senhora do Café, a qual teve o rosto desenvolvido por ele, através da cooperada Ana Ribeiro Negrini, além de um escapulário feito de café e uma oração à Santa.
Cerca de dois mil pés de café são cultivados no Instituto Biológico em sistema orgânico. Fundado em 1928 para estudar a broca do café, praga que assolava as plantações paulistas, o IB sempre teve a cultura em seus objetos de pesquisa. Daí a importância da implementação de seu cafezal, cerca de 28 anos após a fundação do Instituto, e que até hoje serve para a condução de estudos relacionados a pragas e doenças.